Alexandre, possivelmente por Apeles

Alexandre, possivelmente por Apeles
A natureza polêmica e controvertida da filosofia cética ao longo da história da filosofia é, ao menos em parte, resultado da ambiguidade e imprecisão com que esse termo é continuamente mobilizado. Já Sexto Empírico, médico e filósofo do início da era cristã, principal fonte do ceticismo pirrônico hoje restante, insiste no modo como as usuais “refutações” da filosofia cética baseiam-se numa compreensão precária do que eles disseram. Se a sua retomada no período do Renascimento, como diz Richard Popkin, contribuiu decisivamente para a gestação da assim chamada filosofia moderna, as controvérsias e mal-entendidos apenas se multiplicaram. Não apenas filósofos explicitamente simpáticos ao ceticismo – como Montaigne, Gassendi, Bayle e Hume – o reconstruíram de modos singulares e diversos, como diversos daqueles que pretenderam refutá-lo – como Berkeley ou Kant – são tributários dessa filosofia num grau que por vezes eles mesmos parecem não ter reconhecido integralmente, o que é seguramente muito mais verdadeiro a respeito das leituras usuais dessas filosofias. O objetivo do grupo “Questões Céticas” é o de formar e integrar pesquisadores interessados no exame dos contornos problemáticos e desconhecidos da “tradição cética” e de suas consequências. Isso abrange tanto o estudo das diversas versões de ceticismo historicamente dadas, em diversos de seus aspectos: epistemológicos, científicos, morais, políticos e literários, e mesmo a maneira como problematiza radicalmente a própria natureza da filosofia, como suas repercussões diversas ao longo da história da filosofia, inclusive e sobretudo na rejeição do ceticismo.